Relação Eu♥Cabelo com cabelos difíceis

Se estivesse viva, ontem (05/04) minha irmã completaria 25 anos. Não, hoje não vou me lamentar pela partida dela, isso eu já faço todo dia a noite mesmo tendo sabido por Deus que foi melhor para ela e que hoje ela está bem e feliz.

Ahh esses cachinhos... Cachinho faz muito sucesso quando você está deixando de ser bebê, mas quando começa a crescer o cachinho pode ficar birrento.

Carolina foi meu primeiro contato com cabelos secos e difíceis de arrumar. Desde pequena ela sofria para cuidar dos cabelos, era uma briga constante e como dinheiro para cuidar era algo quase inexistente, nos virávamos com o que dava, a história lembra um pouco a minha. Só que a dela foi um pouquinho pior.

Andar fantasiada de Vanessa da Mata todo dia não era fácil. Hoje temos leis e regras de inibição do Bullying, mas nos anos 90 a garotada pegava pesado e a "irmãzona" aqui entrava em cena. Eu era uma santinha, mas se mexesse com ela eu nem pensava... rss..

Lembra um episódio do Pica-Pau em que ele cortava o cabelo do leão? Depois que esse episódio ficou popular todo dia alguém na escola pentelhava, por outro lado minha mãe no auge dos seus 21 anos não sabia cuidar nem do próprio cabelo. E tudo que falavam pra ela fazer no nosso cabelo ela fazia, menos química. E quando digo tudo, é TUDO mesmo, até visual Xororó! rss.. Desfilamos muitas vezes com visual meio Poison... meio Heart 80's rss... Vou me arrepender de mostar essas fotos... kkk...

Para sair de casa tinha um ritual até conseguir desembaraçar os cabelos, logo depois vinha o dilema, como prender?

Durante a infância Carol foi a que mais frequentou salão, na esperança que alguém solucionasse o volume e ressecamento. Para infelicidade dela ninguém nunca conseguiu proporcionar o cabelo que ela sonhava.

Na adolescência, depois de desistir ela adotou o corte bem curtinho e nunca mais deixou crescer.

Acompanhei de perto o que é uma criança infeliz com o próprio cabelo, talvez por isso eu brigue tanto para que os pais aprendam a respeitar o desejo dos filhos. Fazer uma criança usar um cabelo em que ela não consegue se enxergar por medo de utilizar uma química deixa de ser cuidado e vira ignorância.

Havia prometido a ela que assim que entrasse no módulo de química no curso eu alisaria o cabelo dela, na época eu acreditava que havia algo mais no processo e cria que eu não sabia fazer (maldita baixa-estima perfeccionista), infelizmente ela morreu uma semana antes de começar o módulo de química e não pude cumprir minha promessa.

Desde então me sinto na obrigação de auxiliar outras pessoas que possuem cabelos considerados difíceis a conquistar um visual em que se identifique, seja através de alisamento/relaxamento ou simplesmente através de tratamentos específicos para o tipo do cabelo.

Quando o blog estava no comecinho ela disse "Puxa, tudo que você faz você faz bem e tem sucesso." Na época as visitas não chegavam a 100 por dia, ontem tivemos um pico de 6000. Lembro de ter dito a ela que você só faz bem quando se dedica de verdade. E esse conselho se estende a todos nós, Quem planta mais colhe mais.

O orgulho que ela sentia de tudo que eu fazia e o respeito que tinha por mim era notável, apesar da pouca diferença de idade. Mas também tinha e ainda tenho muito orgulho de tê-la tido como irmã/filhota, desejo um dia conseguir perdoar com metade da velocidade que ela perdoava, anular pelo menos metade dos meus desejos para atender às necessidades de um desconhecido como ela fazia até com mendigos ou simplesmente alegrar o dia de alguém que chora. Nesse dia estarei a altura de alguém que apesar de não ter sido 100% feliz com a própria imagem, transmitia alegria e iluminava através do bom humor.

Saudades eternas da minha palhacinha =)

Beijocas =*